Alguma vez ponderaste quanto tempo tiveste de trabalhar para comprar, p.e., aquele gadget da última moda??
Na última semana, reli um livro que fala sobre o assunto. Em “Dá um tempo!”, a jornalista brasileira Izabella Camargo reflete brilhantemente sobre o tempo, trazendo diversas óticas e abordagens para esse recurso tão importante. Sem dar spoiler, chamou-me especial atenção um capítulo que fala sobre o valor da nossa hora.
Em determinado momento do livro, Izabella provoca: “Imagine se uma peça de roupa custasse trinta horas em vez de um valor em dinheiro”. E continua: “Como você lidaria se os preços de produtos e serviços fossem calculados por horas de vida?”.
Para nós, seres humanos, mortais e de tempo limitado, que precisamos trabalhar diariamente e usar as nossas horas de vida em troca de dinheiro, essa é uma reflexão essencial. E, durante e após a pandemia, fomos obrigados a refletir sobre o nosso tempo. Sobre os nossos valores e as prioridades.
Irei então explicar como fazer a conta maravilha para que tenhas, ou não, um choque de realidade e perceberes quanto tempo perdes ao comprar algo. Sim porque nós ao trabalharmos estamos a trocar o nosso tempo – o bem mais valioso/escasso que temos – por dinheiro.
Primeiro há que calcular quanto vale uma hora do teu trabalho. Apesar de haver quem queira discutir o sexo dos anjos com detalhes neste campo, eu prefiro ir pelo simples: divide quanto ganhas por mês pelas horas de trabalho mensal.
Fórmula: (vencimento) ÷ (horas de trabalho mensais) = (valor do teu tempo)
Exemplificando: a Maria recebe 1100€ líquidos mensais e trabalha 40h semanais, perfazendo 160h mensais, logo dá 6,25€ por hora.
Agora imaginemos que a dita Maria quer comprar uma mala magnifica de 200€, dividindo esse valor por 6,25€, o resultado será 32h, ou seja 4 dias de trabalho!! Quase uma semana de trabalho para uma malinha que vai deixar de usar ou usá-la muito pouco. Será que merece essas horas da sua saúde (ou seja, da sua vida)?!
Se ainda não fizeste tal cálculo, desafio-te a saberes quanto vale a tua hora e, olhares para objetos que tens e perceberes/descobrires quanto “tempo” eles te custaram.
Segundo o renomado escritor americano Carl Sandburg, o tempo é a moeda da vida, a única que temos e que pode determinar como ela será gasta.
O tempo não volta, mas ele pode estar a teu favor para a construção da prosperidade financeira. Ou seja, se a dita Maria colocasse essas 32 horas de trabalho em alguns investimentos, com uma carteira bem diversificada, em alguns anos, será possível verificar os juros compostos trabalhando a seu favor e fazendo o seu património crescer. Aliás, juros, nessa função credora, são a recompensa pela paciência. É possível comprar tempo!
Concordas que simples ações de análise pessoal e questões respondidas como esta, são de enorme valor para reconheceres a tua realidade, certo?!
PS: Há um filme que eu adoro sempre que o assisto, e que é terrivelmente intrigante: “In Time” (prt: “Sem Tempo” ; bra: “O Preço do Amanhã”).